Arcebispo Louis Sako luta contra isolamento da Igreja iraquiana
Arcebispo Louis Sako luta contra isolamento da Igreja iraquiana
autor:José Paulo Silva
O arcebispo D. Louis Sako alertou ontem, em Braga, para o isolamento em que se encontra a comunidade cristã no Iraque. Numa conferência sobre os ‘Cristãos perseguidos no Iraque’, o arcebispo de Kirkut pediu aos católicos bracarenses orações e ajudas materiais para uma minoria religiosa que é hostilizada pelos fundamentalistas islâmicos.
D. Louis Sako, ‘Prémio para a Paz’ do movimento católico internacional ‘Pax Christi’ em 2010, veio a Braga por iniciativa da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) e da comissão arquidiocesana Justiça e Paz.
Na sexta-feira à noite, na Igreja dos Congregados, participou numa vigília de oração pelos cristãos perseguidos no Iraque.
Ontem, perante algumas dezenas de católicos que o foram ouvir ao Auditório Vita, disse que é essencial encorajar os cristãos do Iraque, “sobretudo aos que vivem nas aldeias mais isoladas”.
O arcebispo acusa grupos fundamentalistas do seu país de quererem “criar um Estado islâmico, com leis islâmicas”, através da violência.
“A sociedade muculmana prega a tolerância mas não a dá”, considera o arcebispo de Kirkut, que alertou para a perseguição de cristãos noutros países como o Egipto, Paquistão, Índia ou Tunísia
Considerando que a comunidade de cristãos no Iraque pode servir de “ponte” entre o Ocidente e o Islão, evitando a ‘talibanização’ do país, D. Louis Sako entende que a ocupação norte-americana do Iraque trouxe problemas acrescidos à minoria religiosa.
“Os cristãos foram assemelhados aos americanos por causa da religião. Os muçulmanos pensam que o Ocidente está a conduzir uma cruzada”, afirmou o pre lado iraquiano.
D. Jorge contra fundamentalismos dentro da própria Igreja Católica
D. Jorge Ortiga defendeu ontem “menos fundamentalismo e mais diálogo ecuménico e religioso”, considerando que, mesmo dentro da Igreja Católica, “há gestos que testemunham um novo fundamentalismo”.
Na abertura da conferência ‘Cristãos perseguidos no Iraque”, o prelado bracarense alertou que a liberdade religiosa não é um direito adquirido em todo o mundo e que “a sociedade mediática” não fala dos atropelos de que são vítimas os cristãos naquele e noutros países.
Entendendo a liberdade religiosa como uma direito natural e universal que não pode ser limitado “aos actos de culto privados”, D. Jorge Ortiga realçou a importância “da dimensão externa e colectiva” da fé.
O arcebispo primaz defendeu na sua intervenção “maior consciência de missão e menos proselitismo” num quadro de diálogo entre as grandes religiões que defendem um só Deus.
“Criar acolhimento daquilo que é diferente, daqueles que pensam diferente” não significa, na visão de D. Jorge Ortiga, “renunciar à nossa identidade”.
O arcebispo primaz sublinhou a importância de “gerar cristãos com convicção” para que o cristianismo não se encerre no privado e no íntimo.
“Muitas vezes escondemos o nosso catolicismo amorfo”, afirmou.
Bernardino Silva, presidente da comissão arquidiocesana Justiça e Paz, destacou por seu lado a importância de debater a liberdade religiosa na diocese: “Vivemos sem valorizarmos as dificuldades em ser cristão”.
Fonte: www.correiodominho.com/noticias.php?id=55963