Rio - Cerca de duas mil pessoas foram ontem ao Santuário da Nossa Senhora da Penha e participaram da procissão que celebrava o fim do mês de Maria — data tradicional da Igreja Católica no fim de maio. Os religiosos se concentraram na Paróquia Bom Jesus da Penha e percorreram quase 1km, até chegarem à Concha Acústica, no alto do morro, onde o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, comandou a missa.

Essa foi a primeira caminhada dos fiéis após a pacificação do Complexo, em novembro do ano passado. Durante todo o trajeto, as pessoas eram acompanhadas pelos homens armados do exército que ocupam a região.

“Com as notícias de violência, as pessoas ficavam afastadas. Elas tinham um certo receio. Quanto mais pudermos dizer que há segurança e paz, as pessoas virão participar”, explica Dom Orani.

A ocupação não melhorou apenas o acesso de pessoas de fora da comunidade. O mecânico Rodrigo Paz dos Santos, de 35 anos, por exemplo, sempre evitou os eventos na Igreja da Penha devido a insegurança. “Eu tinha medo de vir até aqui (Concha Acústica) porque tinha muitos traficantes armados. Agora, dá para assistir à procissão e ainda trazer a família sem problemas”, revela o mecânico.

Dom Orani quer paz no Rio

Desde a ocupação em novembro do ano passado, o Complexo da Penha tem recebido um número cada vez maior de visitas. Para a procissão, por exemplo, muitos devotos sequer moravam em bairros próximos. "Sou de Minas Gerais, mas hoje moro em Bonsucesso. Não tenho medo de nada porque confio no Espírito Santo. Mas melhorou depois da ocupação”, diz a aposentada de 79 anos, Clemildes Alves de Souza Almeida.

Em tempo de paz na região, Dom Orani espera que o exemplo do Complexo da Penha seja repetido em outras comunidades do Rio. “A esperança é que, cada vez mais, nós tenhamos um lugar onde as pessoas possam ir e vir com tranquilidade, tenham segurança, trabalho, educação e saúde. Faz parte do desejo e do ideal humano para uma vida melhor”, afirma o arcebispo.

Fonte: https://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2011/5/dois_mil_fieis_em_procissao_na_igreja_da_penha_167698.html