Iniciado processo de beatificação de padres mortos na ditadura argentina
Iniciado processo de beatificação de padres mortos na ditadura argentina
BUENOS AIRES, Argentina — A Igreja católica, culto majoritário na Argentina, começou o processo de beatificação de dois padres, um deles francês, e também de um laico, assassinados durante a ditadura (1976-83), anunciou a instituição nesta quarta-feira.
Trata-se dos sacerdotes Carlos de Dios Murias e Gabriel Longueville, este último nascido na França, e do laico Wenceslao Pedernera, assassinados em 1976 na província de La Rioja (noroeste), após serem sequestrados e torturados.
O processo de beatificação começou na noite de terça-feira na paróquia da localidade de Chamical (La Rioja, 1.200 km a noroeste de Buenos Aires), onde Murias e Longueville militavam, informou a Igreja.
O sacerdote José Genaro explicou que o processo de beatificação levará mais de um ano.
"Agora está sendo entregue ao bispo (Rodríguez) uma pasta com 70 testemunhas que comparecerão ao Tribunal Eclesiástico, que será constituído hoje (quarta-feira). Depois, em Roma, será estudado pela Câmara Pontifícia dos Santos", detalhou.
Os corpos dos dois padres foram encontrados em 18 de julho de 1976 em uma localidade próxima a Chamical, de 12.000 habitantes, enquanto Pedernera foi fuzilado uma semana depois em Sañogasta, também em La Rioja.
Murias, Longueville e Pedernera eram seguidores da pastoral do então bispo de La Rioja, Enrique Angelelli, morto dias depois em um episódio que a ditadura quis fazer passar por acidente de trânsito, mas que a Justiça, com a volta da democracia, qualificou de homicídio.
O atual bispo de La Rioja, Roberto Rodríguez, disse na noite de terça-feira, no ato que deu início ao processo de beatificação, que "muitas das testemunhas desta obra de evangelização podem falar e expressar qual foi o impacto da pregação destes homens nos fiéis".
Em abril passado, uma juíza francesa citou para depor como testemunha o cardeal argentino Jorge Bergoglio em um processo pelo assassinato de Longueville.
A cúpula da Igreja Católica da Agentina foi duramente questionada por entidades humanitárias do país por não ter denunciado os crimes políticos durante a ditadura, inclusive de alguns de seus clérigos.
Fonte: https://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5gmaJkGrj5J3COacuqZWgo2-2_vXA?docId=CNG.183cf587890f70ae1845e43897d66cd7.2e1