Patriarca destaca a “ousadia” da irmã Maria Clara, beatificada hoje em Lisboa
Patriarca destaca a “ousadia” da irmã Maria Clara, beatificada hoje em Lisboa
Por António Marujo
O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, destacou ao final da manhã, em Lisboa, a nova beata portuguesa da Igreja Católica como alguém capaz de uma “ousadia notável”.
Na missa de beatificação de Madre Maria Clara, fundadora das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição, o patriarca destacou que “as crises sociais e as epidemias da peste indicaram-lhe os pobres como destinatários do seu amor”.
Perante uma multidão de perto de dez mil pessoas, que lotavam metade da capacidade do Estádio do Restelo, o cardeal referiu-se a Libânia do Carmo, o seu nome de baptismo, como tendo nascido “num tempo singular”. Maria Clara do Menino Jesus, o nome que adoptou na vida religiosa, “sentiu os desafios de ser cristã e de ser Igreja, numa sociedade cultural e politicamente a afastar-se do ideal cristão”, acrescentou o cardeal. E foi de uma “ousadia notável” ter criado uma congregação religiosa em Portugal no século XIX, quando isso não era permitido pelas leis liberais.
A missa, que durou duas horas, foi concelebrada por mais de duas centenas de padres e 27 bispos. Estava também presente o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. Enquanto legado do Papa, foi Amato que leu a fórmula de beatificação, às 11h35 da manhã.
A leitura da fórmula foi feita em latim e, depois, em português. Nela, o Papa Bento XVI destaca a “grande apostola da ternura e da misericórdia de Deus junto da humanidade sofredora” que foi Maria Clara do Menino Jesus.
O patriarca sublinhou ainda o facto de Maria Clara não ter copiado nenhuma das congregações já existentes, “pois queria responder ao momento que então se vivia”. E o ter percebido “que a mulher que quer ser santa é chamada a ser uma explosão do amor de Deus, aquele amor que transforma o mundo”.
Maria Clara fundou as Franciscanas Hospitaleiras em 3 de Maio de 1871. A nova congregação dedicou-se a trabalhar com os mais desfavorecidos, numa época em que a sociedade portuguesa tinha largas camadas da população a viver na pobreza e em que houve várias epidemias. Nos menos de trinta anos até à sua morte, em 1899, com 56 anos, Maria Clara fundou 140 instituições sociais, desde a assistência aos mais pobres a obras dedicadas à saúde e à educação e às cozinhas económicas, que permitiam fornecer alimentação aos mais carenciados.
Fonte: https://www.publico.pt/Sociedade/patriarca-destaca-a-ousadia-da-irma-maria-clara-beatificada-hoje-em-lisboa_1495269