Regras para a sucessão do trono britânico são modificadas

28-10-2011 14:11

Regras para a sucessão do trono britânico são modificadas

Julia Gillard, primeira-ministra da Austrália, durante a reunião ao lado da rainha Elizabeth II, em Perth

Os 16 países* da Comunidade das Nações (ex-Comunidade Britânica) cujo chefe de Estado é o monarca inglês vão modificar as legislações dos séculos XVII e XVIII que determinam como se dá a sucessão ao trono. Em encontro realizado em Perth, na Austrália, os chefes de governo decidiram fazer três modificações que vinham sendo exigidas pelo público há algum tempo:

1) haverá igualdade sexual na linha de sucessão, prevalecendo a ordem de nascimento. Hoje, as filhas mais velhas ficam atrás dos irmãos mais novos na lista;
2) acaba a proibição de casamentos com católicos. O sucessor (necessariamente membro da Igreja da Inglaterra, a Anglicana) poderá assumir o trono mesmo que casar com um fiel da Igreja Católica. Um católico, entretanto, não poderá ser rei ou rainha
3) os descendentes do Rei Jorge II não precisarão mais de autorização do monarca para se casar

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, fez a defesa das mudanças, como conta o jornal britânico The Telegraph:

Falando na reunião em Perth, o primeiro-ministro disse que as regras são “antiquadas e precisam de mudanças”. Ele disse: “A ideia de que um filho mais novo se torne monarca em vez da filha mais velha, simplesmente porque é um homem, simplesmente não é mais aceitável. Nem faz qualquer sentido que um monarca em potencial possa casar com alguém de qualquer fé desde que não seja a católica”, disse. “O pensamento por trás dessas regras é errado. É por isso que as pessoas têm falado sobre mudá-las por algum tempo. Precisamos mudá-las”, afirmou.

As mudanças significam que o primeiro filho de William e Catherine Middleton (agora duque e duquesa de Cambrige), seja ele homem ou mulher, entrará automaticamente na linha de sucessão.

Em editorial, o jornal The Guardian afirma que as mudanças deveriam ter acabado com as exigências de que todos os monarcas britânicos sejam protestantes. Para o jornal, a proibição, que data da disputa entre católicos e protestantes, pano de fundo da Revolução Gloriosa de 1688, é “a maior injustiça no coração da monarquia britânica”. Para o Guardian, as mudanças que foram feitas são tão “atrasadas que parecem triviais”.

* Os 16 reinos da rainha são Antigua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão, Tuvalu e o Reino Unido.

Foto: John Donegan / CHOGM / AP

José Antonio Lima

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