A lenda do amor

A lenda do amor

 

 

Era uma vez, o amor…

morava numa casa repleta de estrelas e enfeitada de sol.

Luz não havia na casa do amor, afinal, a luz era o próprio amor.

Certa vez o amor quis construir uma casa mais linda para si.

Então fez a terra, e na terra fez a carne, e na carne soprou a vida e na vida imprimiu a imagem de sua semelhança.

E chamou a vida de homem.

E, dentro do peito do homem, o amor construiu sua casa, pequenina, mas palpitante, inquieta e insatisfeita como o próprio amor.

E o amor foi morar no coração do homem.

E coube todinho lá dentro porque o coração do homem foi feito do infinito.

Uma vez…. o homem ficou com inveja do amor.

Queria para si a casa do amor, só para si.

Queria a felicidade do amor, como se o amor pudesse viver só.

Então o amor foi-se embora do coração do homem.

O homem começou a encher seu coração; encheu-o com todas as riquezas da Terra e ainda ficou vazio.  (Ele sempre tinha fome).

E continuava com o coração vazio.

Uma vez… o homem resolveu repartir seu coração com as criaturas da Terra.

O amor soube…vestiu-se de carne e veio também receber o coração do homem.

Mas o homem reconheceu o amor e o pregou numa cruz.

E continuou a derramar suor para ganhar a comida.

O amor teve uma idéia: Vestiu-se de comida,

se disfarçou de pão e ficou quietinho…

Quando o homem ingeriu a comida, o amor voltou à sua casa, 

no coração do homem.

E o coração do homem se encheu de plenitude

 

(Cônego Ápio Pais Costa)