A autoridade para o filósofo e a Autoridade para o Cristão

14-03-2011 11:33

 

 A filosofia nasce do desejo de dar explicações naturais e concretas sobre o mundo e tudo o que há nele, principalmente sobre o próprio homem. O filosofo é aquele que está aberto ao mundo das idéias, e principalmente ao pensamento crítico e analítico, é nessa perspectiva que o movimento racional ganha força e acaba por apresentar outra linha de investigação e apuração, que difere do mito.

            O fato fala por si só, e é por isso que o filósofo tende a abarcar um aspecto acético e ao mesmo tempo, empírico. Pois, a verdade é algo que vêm pela autoridade da evidência, ou seja, pelo fato. O processo utilizado pela razão é a de questionar, indagar, investigar, considerar a inquirição da realidade e por fim, fazer uma elaboração do conhecimento, e este por sua vez, torna-se algo indubitável.

            A razão é sempre um pressuposto para que o filósofo seja de fato considerado como tal. E a verdade dos fatos entra num ciclo que está sempre aberto ao aperfeiçoamento e a crítica, porém a ideia principal permanece. O poder de o pensamento racional dar ordens para toda e qualquer ação filosófica, o mito não é totalmente descartado, porém ele estará sujeito aos critérios da razão. Por exemplo, a filosofia de Platão é carregada de mitos, mas o mesmo obedece a autoridade que possui o fato em si, a possibilidade do conhecimento da realidade, outrossim, essa passa pela epistemologia, uma reflexão a partir da racionalidade.

            Entretanto, o crente é aquele que está inteiramente ligado à evidência da autoridade. Pois, aquele que crer obedece como regra a confiança em algo ou alguém, no caso do cristão ele está sujeito a um Outro. Esse Outro se chama Deus, e o pressuposto é justamente a fé, que é “a certeza daquilo que não se vê" (Hb 11,1).

            O fato para o cristão é a verdade que não é apenas uma teoria, mas sim, a pessoa de Jesus. A experiência do crente não pode ser entendida ou compreendida com base naquilo que já foi demonstrada, para o mesmo a verdadeira demonstração é à autoridade de Deus.

            O arqué é a evidência do Outro, o que faz do crente uma pessoa voltada para o reconhecimento daquele que se manifesta por si só, e a razão é utilizada e conjugada a partir desse principio explicativo.  Para Parmênides existe um ser, que não é conceituado e indizível, ele acreditava que o pensar e o ser eram a mesma coisa, para o cristão, esse Ser é Deus. Segundo o filosofo cristão Santo Agostinho “Deus é poder racional de si mesmo, eterno, imutável, simples, espírito, pessoa, consciência, o que era excluído pelo platonismo".

            A filosofia estará sempre ligada à razão humana, enquanto a religião estará sempre submetida a ordem da fé, o que não se pode afirmar que esta não acompanha a razão, o que diferencia é o ponto de partida de cada um. Pois "o filósofo acata a autoridade da evidência, e o crente acata a evidência da autoridade".

 

Seminarista Paulo Roberto Reis Alunodo curso de  filosofia da UCSAL