A santidade e a purificação da igreja

06-07-2012 14:15

 

Na profissão de fé católica professamos que a igreja é santa. A santidade, com a unicidade e a catolicidade são as notas características da igreja. Ser santa faz parte do próprio ser da igreja, de sua essência.

Quando falamos em santidade, falamos na vida segundo o Espírito Santo. Ora, a igreja nasceu de Cristo que, derramando o Espírito Santo sobre aqueles que Nele creram, gerou um novo povo. Cristo, Cabeça da igreja, uniu a si, ao comunicar o dom do espírito, um corpo, constituído por todos os fiéis batizados. Assim, a igreja é santa porque está unida a Cristo. E este vínculo de santidade só é possível pela ação do Espírito Santo que habita na Igreja como num templo.

O Espírito Santo na igreja gera a vida da graça, à medida que renova cada homem que acolhe o Cristo pela fé nas águas do Batismo. Todo batizado é justificado, ou seja, regenerado no Espírito de Cristo, de tal forma que cada cristão é um homem novo, porque ali está semeado a semente da graça.

É verdade, no entanto, que sentimos na vida prática o pecado dos filhos da igreja, as marcas do homem velho. E não são poucos os escândalos provocados pelos pecados dos cristãos. Tais atitudes dos cristãos parecem contrárias à afirmação da santidade da igreja.

E muitos cristãos, diante destas situações de pecado, chegam até a afirmar que a Igreja é uma realidade santa e pecadora.

Tal afirmação não condiz com a fé, além de ser perigosa. Não está de acordo com a fé, porque, conforme já assinalamos, a santidade da igreja vem do Espírito de Cristo dado a igreja, gerando em cada cristão uma realidade nova.

Não basta, portanto, um cristão pecar para que a igreja deixe de ser santa, embora o pecado seja sempre um obstáculo à manifestação da santidade na igreja com todo o seu esplendor.

É uma colocação perigosa porque pode gerar nos cristãos certo consentimento ao pecado, uma vez que um bom número de cristãos possa ser levado a crer que somos assim mesmos um povo santo e pecador.

Não há lugar na igreja para o pecado. O mesmo Espírito autor da santidade da Igreja, convence-a permanentemente do pecado, convidando-o a uma contínua purificação, a tornar-se sempre aquilo que ela já é no seu ser.

Em síntese: na sua essência a igreja é santa. É o Espírito Santo que renova os batizados, os convocados em Cristo por Deus Pai a formarem o seu povo santo.
Na sua existência, porém, a igreja sentirá sempre o peso do pecado, uma vez que os filhos da igreja serão sempre tentados e, muitas vezes, cederão a ele. Mas aqui também o Espírito age, renovando-a, fazendo a igreja retornar ao primeiro amor.

Enfim, a experiência existencial do pecado na Igreja não lhe retira a santidade que lhe é própria, mas também não é convite aos cristãos a se conformarem com o pecado, mas a se abrirem a uma permanente experiência Daquele que é a fonte da santidade e da permanente purificação da igreja: o Espírito Santo.

 

Diácono JOSÉ LUCIANO DUARTE

 

Fonte: Gazera web