Arcebispo do Rio de Janeiro celebra centenário da Diocese de Cáceres

20-05-2011 20:22

Arcebispo do Rio de Janeiro celebra centenário da Diocese de Cáceres


João Arruda
de Cáceres


O arcebispo Orani João Tempesta, da Diocese do Rio de Janeiro, está em Cáceres, principal cidade da região Oeste de Mato Grosso,  para a celebração do Centenário da Diocese de São Luiz de Cáceres,que completa 100 anos cuja data será neste sábado (21). Além do arcebispo, a Orquestra Sinfônica de Mato Grosso irá  se apresentar no Palco de Eventos, situado a margem do rio Paraguai. O grupo Chalana de projeções folclóricas deve fechar os festejos após a missa de amanhã às 18 horas. Estima-se que mais de 5 mil fiéis estejam no município para acompanhar a solenidade de Jubileu, da Igreja Catolica.

O vigário Jair Fante, responsável pela organização dos festejos do centenário da Igreja Católica em Cáceres, informou que três mil cadeiras foram colocadas na área onde celebrada a missa por Dom  João Tempesta. Ele justifica que a cidade já está recebendo caravanas das 22 paróquias que contam com cerca de 800 comunidades, todas ligadas a Diocese de Cáceres.

 A programação tem inicio a partir das 15 horas deste sabado, com apresentação das escolas publicas e particulares, que estarão encenando personagens da irmandade católica que fizeram história durante esse século, e que foram pioneiros desde a fundação até os dias atuais. Há, para cada escola um personagem, o renomado Instituto Santa Maria, fundado por freis holandeses em 1958, em Cáceres, fará um teatro em homenagem ao padre francês Paulo Marie Cabrol, figura tão carismática quanto humilde tanto que durante a sua vida trajava roupas franciscanas com alpercatas  e surrão, residia no Centro Diocesano do Perpetuo Socorro, e numa das suas visitas a enfermos do Hospital São Luiz, foi vitima fatal de acidente ao cruzar a Avenida 7 de Setembro. Padre Paulo, como era chamado emprestou seu nome ao Bairro Padre Paulo, uma área doada às famílias carentes em 1978, pelo ex-prefeito Ernani Martins.

Outro homenageado é o bispo Dom Máximo Biennes, falecido há cinco anos, cujos restos mortais estão sepultados embaixo do altar da catedral São Luiz. Dom Maximo Biennes, foi um dos expoentes da igreja católica na luta pela democracia na região da fronteira, é da autoria dele a obra “Uma Igreja na Fronteira”, combativo e justo fundou a juntamente com Carlos Alberto Maldonado e Leila Bisinoto (ambos professores da Unemat), o primeiro Núcleo de Direitos Humanos em Cáceres , em pleno regime de Ditadura Militar. Foi Dom Máximo, quem denunciou através do Informativo “Aroeira” (veiculo da Comissão Pastoral da Terra), o “Massacre de Mirassolzinho”, um dos maiores já registrados em Mato Grosso, ocorrido durante o governo de Julio Campos em 1983, quando dezenas de camponeses foram brutalmente executados e alguns desovados nos rios  Aguapeí, Guaporé e Jauru. Dom Maximo e o padre Nazareno Lancellotti (também falecido) acolheram os sobreviventes e denunciaram a chacina ocorrida na área rural do município de Jauru. A PM época segundo relatos do bispo, teria fornecido fardas a jagunços para expulsar os grileiros dos latifúndios Mirassolzinho e Araçatuba. Os jornalistas Jairo Santana e Demervaldo Rocha, chegaram a cobrir a chacina, mas tiveram as fotos confiscadas e matérias censuradas pelo governo de Julio Campos, apenas o bispo Dom Maximo conseguiu denunciar  a matança no “Aroeira” na Anistia Internacional, ninguém foi punido. Essa luta de Dom Maximo, que era oriundo de uma abastada família francesa lhe rendeu nome de escola e do Centro dos Direitos Humanos em Cáceres. Neste sábado a sua trajetória corajosa será lembrada pelos estudantes do estabelecimento de ensino que leva seu nome, as educadoras Sandra Cunha e Joanice Bernardo, elaboraram um artigo refazendo  caminho trilhado pelo bispo Bienness.

Outro religioso francês homenageado será Dom Jean Marie Gallibert, este será lembrado pela Escola Frei Ambrósio, situada no bairro do Junco. (João Arruda).

Fonte: https://www.24horasnews.com.br/index.php?mat=369808