Beatificação de Irmã Dulce é vista como momento de reavivamento da fé dos católicos

21-05-2011 21:40

 

Beatificação de Irmã Dulce é vista como momento de reavivamento da fé dos católicos

Religiosos acreditam que milagre da freira que viveu por dois anos em Sergipe pode provocar mudanças na crença

 
Irmã Dulce será beatificada neste domingo, 22, em Salvador (Foto: Divulgação)

Marcada para domingo, 22, em Salvador, a beatificação de Irmã Dulce, cujo primeiro milagre reconhecido pela Igreja Católica foi o que salvou a vida da sergipana Cláudia Cristiane dos Santos, em 2001, deve ser considerado como um momento de reavivamento da fé não só dos católicos sergipanos, mas de todo o país.

O impacto esperado pela beatificação e, consequentemente, pela canonização de uma brasileira toca diretamente no quesito fé. Dois preceitos justificam o reconhecimento da beatitude - e da canonização - da freira que viveu em São Cristóvão por aproximadamente dois anos (de 1932 a 1934): ajudar ao próximo e ficar mais perto de Deus. Durante toda a vida, Irmã Dulce sempre ligou a fé às obras, deixando um legado que ainda hoje tem por objetivo ajudar aos mais carentes.

Frei Anilson diz que milagre passa pela fé (Fotos: Portal Infonet)

Para o Frei Anilson, da Paróquia de São Judas Tadeu, no bairro América, a beatificação da Irmã Dulce pode ser considerada um acontecimento nobre e representa um marco na história recente da Igreja Católica em Sergipe. “Nós temos como essencial a fé. E o milagre passa pela fé. Um acontecimento como esse enaltece esse sentimento e mexe com o lado mais fervoroso dos fieis”, reconhece o sacerdote.

Ele disse que não só Cláudia Cristiane, mas “tantas outras” pessoas recebem graças que são impossíveis para a ciência, mas “possíveis para Deus”. “Irmã Dulce foi forte e frágil; ela se doou plenamente ao próximo, usou a psicologia de Jesus. É uma santa do nosso tempo. Um fato como esse enobrece a Igreja, mas o mérito é unicamente de Deus que se manifesta em pessoas como ela, na fé do Padre Almir, que fez a prece. É um fato muito perto de nós, que reaviva a fé católica”, avalia Frei Anilson.

Ele explica que essa restauração da fé dos sergipanos se dá em um momento turbulento para o mundo, considerado por ele como descrente. “Há tanta coisa ruim, tanta morte, que uma notícia como essa dá alívio, acalenta, fundamenta a fé em Jesus Cristo”, destaca.

Del Maranhão acredita que milagre pode aumentar fé dos católicos

Segundo Frei Anilson, a notícia do milagre, que foi tomado por segredo durante os dez anos de investigação do Vaticano – a Igreja mandou um médico próprio para atestara veracidade do fato -, já correu o mundo.

O padre que fez a prece pela vida da sergipana salva por Irmã Dulce, que hoje pertence à Paróquia do Município de Nossa Senhora das Dores, recebe e-mails de todas as partes pedindo orações e conselhos. “As pessoas vão passar a acreditar mais em Deus. É a prova de que o milagre existe, que não é conversa de padre, mas é necessário ter fé”, diz.

Católicos

Entre os fiéis o discurso de Frei Anilson ganha coro. A cerimonialista Del Noronha, católica de berço, acredita que o milagre ocorrido em Sergipe foi mera coincidência, mas não deixa de reconhecer a importância dele para os sergipanos da mesma religião. “Já conhecia a história dela. Eu acredito que isso vai, sim, fazer aumentar a nossa fé e até trazer mais gente à igreja”, diz.

Rita de Cássia diz que as pessoas podem ter mais esperança com a beatificação

Para a professora aposentada Rita de Cássia Oliveira, também católica de berço, principalmente aqueles que precisam ‘ver para crer’ devem ser os mais afetados com a beatificação de Irmã Dulce. “Não acho que mude, mas contribui para o fortalecimento da Igreja. No Brasil vemos tantos casos de violência. Algo assim dá mais esperança às pessoas”, declara.

Para o aposentado George de Jesus trata-se de uma “benção de Deus”. “Sempre ouvi falar das obras dela. Isso com certeza vai aumentar a fé, que é a única coisa que vale em uma pessoa. Sem fé você não é nada”, teoriza.

Já o geógrafo Marcelo Alves, apesar de enxergar com apreço o primeiro milagre reconhecido de Irmã Dulce, discorda que apenas isso é suficiente para a pessoa ser mais fiel à religião. “A fé vai além do milagre. Não necessariamente uma beatificação vai atrair um indeciso”, explica.

"Deus suscita algo na própria igreja para provar que ele existe", diz Vera

A também aposentada Ieda Alves Coutinho diz que em vida Irmã Dulce foi um testemunho vivo por todo o trabalho que realizou. “Ela viveu como Cristo, colocou a sua vida a serviço dos outros. Foi um grande exemplo de solidariedade e fraternidade. Ela não morreu, ela semeou”, diz. A auxiliar de enfermagem Vera Lúcia Aragão completa: “Deus suscita algo na própria igreja para provar que ele existe”.

Por Diógenes de Souza

Fonte: https://www.infonet.com.br/noticias/ler.asp?id=113438&titulo=especial