Caravanas saem de todo o país para prestigiar beatificação de Irmã Dulce

A admiração pela história de Irmã Dulce é o principal motivo para que os fiéis participem da cerimônia de beatificação

jorge.souza@redebahia.com.br

O missionário indiano José Filipe, que mora há oito anos no Brasil, sai frequentemente do calor de Juazeiro, no Norte do estado, onde é pároco, para viajar com os fiéis da cidade e  visitar  pontos religiosos por todo Brasil. Acompanhados por ele, os devotos já visitaram a Basílica de Aparecida, em São Paulo, as igrejas de Trindade, em Goiás, e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

No próximo domingo, o grupo, formado por 50 pessoas, vai botar o pé na estrada rumo a Salvador. Serão mais de 10 horas de ônibus para participar da cerimônia de beatificação de Irmã Dulce no Parque de Exposições.



Organizados em pequenos grupos ou em caravanas maiores, peregrinos como os fiéis de Juazeiro começam nos próximos dias romarias para homenagear a Bem-Aventurada Dulce dos Pobres. São 20 mil pessoas organizadas em cerca de 250 grupos de estados de várias regiões do Brasil e até de Portugal e Espanha, segundo dados do cerimonial das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). A maioria dos fiéis de fora da Bahia vem de Sergipe e Espírito Santo.

“Irmã Dulce é um exemplo de fé e merece nossa homenagem durante a celebração de seu reconhecimento enquanto beata da Igreja Católica. Em janeiro, parte do nosso grupo visitou as Osid e ficamos encantados com o exemplo de Dulce”, conta com sotaque arrastado, mas em perfeito português o padre indiano. Ele já planeja levar os juazeirenses para  Fátima, em Portugal, para o Vaticano e Jerusalém. A viagem para Salvador ainda celebra a comemoração dos 50 anos de fundação da Arquidiocese de Juazeiro. Cada fiel vai gastar cerca de R$ 500 na viagem.



Em família
Carregando o nome da beata, Dulce Acioli virá de Pernambuco com o marido para acompanhar a cerimônia. “Sempre admirei o trabalho da irmã Dulce e acho que ela é uma santa, enviada por Deus”, conta Dulce, que também fará de ônibus o percurso de 800 quilômetros.

A família de Émerson Fontinele de Barros é outra que vai fazer uma caravana familiar para a beatificação. São cinco pessoas que virão de uma comunidade chamada Fazenda Vermelha, em Miguel Alves, interior do Piauí. O histórico de graças da família conquistadas por intermédio de Irmã Dulce vai fazer com que a família enfrente quase 16 horas de ônibus para percorrer uma distância de aproximadamente 1.600 quilômetros até Salvador.

“Meu pai esteve muito doente, com uma série de problemas de saúde, pediu a sua saúde a Deus por intermédio da fé e devoção no Anjo Bom da Bahia”, conta Émerson. “Depois, minha avó materna entrou em coma, vítima de um problema cardíaco. Ela sofreu também com uma infecção hospitalar. Minha mãe mais um vez pediu que Irmã Dulce intercedesse a Deus pela saúde de minha avó e mais uma vez foi ouvida”, afirma.

Do interior de São Paulo, mais precisamente de Mogi Guaçu, a 1.900 quilômetros de Salvador, vem Cristina Salvi dos Santos. A história de sua vida prova que ela não poderia mesmo faltar. No dia 13 de março de 1992, quando Irmã Dulce morreu, era aniversário da filha caçula de Cristina. Além disso, na mesma data seu pai foi operado de um tumor cancerígeno - e Cristina obteve a cura do pai depois de pedir a intercessão da beata.

Passeio e fé
E tem - sempre tem - aqueles que vão aproveitar a peregrinação para curtir. A família de Jony Barbosa vai desembolsar R$ 5 mil para sair de Goiânia na quinta-feira (19). Mas, chegando em Salvador, a família se divide. Uns vão prestigiar a beatificação; outros vão bater perna pela cidade. “Minha esposa e sua mãe são devotas de Irmã Dulce, têm muita fé na religiosa e inclusive atribuem a ela algumas graças recebidas. Minha irmã e seu marido vão pelo passeio. Iremos adultos e uma criança - dois homens, três mulheres e uma menina de 2 anos”, diz Jony.

Paróquia dos Alagados levará cinco ônibus
A admiração pela história de Irmã Dulce é o principal motivo para que os fiéis participem da cerimônia de  beatificação. A Paróquia Nossa Senhora dos Alagados, no Uruguai, com história muito ligada a Irmã Dulce, que trabalhou muito pela comunidade, levará cerca de 300 pessoas, 70% mulheres, para a festa de beatificação. Serão cinco ônibus.

Seminaristas da Diocese de Paulo Afonso, do Seminário Maior Dom Mário Zanetta, localizado em Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador, estarão reunidos na homenagem à freira baiana. Todos são homens e a faixa etária é entre 18 e 30 anos, segundo explica o seminarista Jorge Mário Carvalho Alcântara. “Irmã Dulce é um exemplo”, afirma.  Já o padre Valson Sandes, da paróquia São Paulo Apóstolo, que compreende os bairros do IAPI, Santa Mônica e Caixa D'Água, organiza uma caravana com mais de 500 fiéis para participar da homenagem à religiosa.

“Serão seis ônibus, que já estão lotados, e ainda muitos fiéis irão com seus próprios automóveis, incentivados por mim para favorecerem o transporte solidário, é claro. Como a paróquia no dia a dia é formada por mulheres, a maior parte da caravana é de mulheres”, conta o padre, que orientou o grupo a levar água, suco, lanche, merendas e comidas para poder acompanhar a beatificação de forma tranquila e sem incômodos. O grupo está acostumado a participar de eventos religiosos. O padre já participou com os paroquianos de eventos como as duas visitas do papa João Paulo II a Salvador.

Dicas para a cerimônia

ESTACIONAMENTO: Os ônibus devem estacionar no CAB.
TRANSPORTE: Os fiéis serão levados do CAB para o Parque de Exposições e trazidos de volta por 50 ônibus gratuitos.
INGRESSOS: São distribuídos gratuitamente nas paróquias de Salvador e do interior do estado.
RETIRADA: As paróquias da Bahia cadastradas junto ao cerimonial do evento podem retirar os ingressos na Cúria Diocesana de Salvador (Garcia), até quinta-feira. Depois, só poderão retirar os ingressos na Balança do CAB.

Fonte: https://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/caravanas-saem-de-todo-o-pais-para-prestigiar-beatificacao-de-irma-dulce/