Igreja Católica fala sobre a importância da Paixão de Cristo
Igreja Católica fala sobre a importância da Paixão de Cristo
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Crescimento da fé: Dom João destaca que a Páscoa é a principal data da Igreja Católica |
Volta Redonda
Apesar da pressão de todos os anos por parte da mídia e do comércio, que faz a data ser celebrada com ovos e coelhos de chocolates, a Páscoa na verdade tem outro significado para os milhares de católicos que comemoram no Sul Fluminense a ressurreição de Jesus Cristo.
De acordo com Dom João Maria Messi, bispo da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, a Páscoa é uma festa comemorada desde o Antigo Testamento, sendo depois assumida pela Igreja Católica - que a tem como a maior de todas as festas religiosas, representando a libertação total do povo por parte de Cristo através de uma ação redentora.
- No Natal é celebrado o nascimento de Jesus, enquanto na Páscoa celebramos a paixão, morte e ressurreição do Cristo, período conhecido como Mistério Pascoal. Por isso existe uma preparação prolongada de 40 dias através da Quaresma, com celebrações dominicais e leituras bíblicas, sempre visando contribuir para o aumento da fé do povo de Deus à resposta da pessoa de Jesus Cristo. Essa preparação se desemboca na Semana Santa, começando com o domingo de Ramos, que representa a entrada de Cristo em Jerusalém - explicou Dom João.
Conforme explicou o religioso, após o domingo de Ramos é celebrado o Tríduo Pascal (conjunto de três dias celebrado no cristianismo, composto pela Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Vigília Pascal). Nestes dias, segundo Dom João, concentram-se todas as atividades em que Jesus se desloca como o profeta e o filho de Deus apresentado pelo profeta Isaías, assumindo-se aquele que carrega todo o pecado da humanidade e representando o Salvador.
- Na Páscoa Jesus oferece a sua vida como preço de resgate, e através do Tríduo Pascal são lembradas as diversas passagens de seu caminho para a ressurreição, como o Lava Pés e a Instituição da Eucaristia na Quinta-feira Santa, o relato da Paixão com o julgamento diante de Pilatos, a condenação e a morte na Sexta-feira da Paixão - explica.
Segundo Dom João, a definição da data da Páscoa segue as fases da lua, por isso que se explica o fato de, a cada ano, ela ser comemorada em uma data diferente.
Com relação à diferença da Páscoa Judaica, Dom João explica que para os judeus a data representa a libertação do povo da escravidão no Egito por Moisés, e normalmente seguem a mesma data dos Católicos. Para os católicos, entretanto, a data significa a passagem da morte para a vida e a libertação das trevas para a luz.
A Páscoa comercial
Para o líder da diocese, não existe dúvida que a mídia e o comércio têm contribuído para aumentar as vendas de ovos de Páscoa, fazendo com que muitos se esqueçam da parte religiosa da data; para ele, quem realmente celebra a Páscoa são as pessoas conscientes de sua fé. Para a Igreja, o fiel deve celebrar a Páscoa participando das festividades do período, além de lembrar que a data possui também um sentido de conciliação. Por isso, destacou Dom João, que a Campanha da Fraternidade acontece durante a Quaresma, para que o fiel seinta-se comprometido com a sociedade, os esquecidos e excluídos.
- É uma festa transformadora de cunho social e popular, mexendo na consciência das pessoas. É um momento de libertação e conversão - afirmou.
Símbolos da Páscoa:
A Cruz da Ressurreição - Traduz, ao mesmo tempo, o sofrimento e ressurreição.
O Cordeiro - Simboliza Cristo, que é o cordeiro de Deus, e se sacrificou em favor de todo o rebanho.
O Pão e o Vinho - Representa o corpo e o sangue de Cristo, dados por Jesus aos seus discípulos para celebrar a vida eterna.
O Círio - É a grande vela que se acende no Sábado de Aleluia. Quer dizer: "Cristo, a luz dos povos". Alfa e Ômega nela gravadas querem dizer: "Deus é o princípio e o fim de tudo".
Com surgiram os ovos de chocolates
Assim como os coelhos, os ovos também representam o nascimento, por motivos até mais óbvios. Segundo a tradição, os antigos cristãos do Oriente costumavam presentear seus amigos na Páscoa com ovos coloridos. O costume se difundiu quando o cristianismo chegou à Europa e às Américas.
Ovos reais ou feitos de pedras, devidamente enfeitados e pintados, se tornaram comuns na Europa - em especial na Alemanha - durante o século XVIII.
Na Rússia, na Páscoa de 1884, Peter Karl Fabergé, o joalheiro oficial da corte, criou um ovo de ouro e pedras preciosas com que o imperador (ou czar, em russo) Alexandre III presenteou sua esposa.
Já os ovos de chocolate surgiram no início do século XX como bombons especiais para a comemoração da Páscoa. Diversas tradições culturais foram aproveitadas, então, para incentivar as vendas do produto que os coelhinhos "escondem" nas casas das crianças, sejam ricas ou pobres.
Tudo isso acabou tirando um pouco do caráter religioso da Páscoa cristã, principalmente nas grandes cidades.