São Francisco de Assis era pacifista?

21-11-2011 14:39

 

Devido à grande confusão levantada a propósito dos encontros das religiões de todos os credos em Assis, é necessário esclarecer que o último, do passado dia 27 de Outubro, foi intitulado “Peregrinação da verdade, peregrinos da paz”, e não é uma experiência que nivele todas as religiões. De facto, em 2002, no periódico mensal italiano “30Giorni”, o então cardeal Ratzinger, sobre o segundo encontro de Assis, escreveu: «Não se tratou de uma auto-representação das religiões que seriam intercambiáveis entre elas. Não era para afirmar uma igualdade das religiões, que na realidade não existe. Assis foi sim uma expressão de uma viagem, uma busca de peregrinação pela paz, que se afirma só quando unida à justiça». Paz, não significa abdicar da própria fé, nem aceitar passivamente o mal que nos  é feito. A mensagem de São Francisco é a mesma que a de Jesus Cristo: evangelizar e batizar para salvar todos os filhos de Deus. Portanto, evangelizar e defender a própria fé, como nos mostra São Francisco, para o cristão também é um dever.
Temos biografias e ficções televisivas que querem mesmo um Francisco amigo dos muçulmanos. Segundo esta tese, não precisaríamos de Jesus Cristo para a nossa nossa salvação, seria então suficiente ser contra a guerra e amar toda a gente. Mas parece que o Santo de Assis estava totalmente em desacordo com esta tese. Nas memórias escritas do frade Iluminado, companheiro de São Francisco nas terras muçulmanas, se lê que quando o sultão disse: «No Evangelho Nosso Senhor ensina que não se deve responder ao mal com o mal, nem recusar um manto a quem também te queira roubar a túnica. Os cristãos, portanto, não deveriam invadir as nossas terras». Francisco, que era santo mas não ingénuo, objectou: «Parece que você não leu o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aqui está o que se lê mais adiante: “Se o teu olho é ocasião de escândalo para ti, arranca-o!”. Com estas palavras, Ele queria fazer-nos compreender que alguém, também perto do nosso coração ou da nossa família, e sendo tão querido como a menina dos nossos olhos, deve ser rejeitado, erradicado ou expulso se tentar distrair-nos da nossa fé e do amor de Deus. Eis pois ser justo que os cristãos invadam as terras que você habita; pois você blasfema contra o nome de Jesus Cristo e afasta para longe da sua adoração todos aqueles que você pode afastar; mas se você estivesse disposto a confessar-se, a reconhecer e adorar o Criador e o Redentor, os cristãos gostariam mais de tal facto do que a si mesmos». Ao ler estas poucas linhas, podemos perceber como a mentalidade de muitos católicos de hoje é diametralmente oposta ao do Santo de Assis. Muito cristãos tentam representar o grande Santo como um pacifista. Mas isso é verdade? Para ter uma ideia um pouco mas aprofundada do pensamento de São Francisco, entre os seus escritos lemos duas cartas. Na Primeira Regra da terceira Ordem Secular, o Santo Assis, estabelece: «Não levem os irmãos com eles armas ofensivas, excepto para a defesa da Igreja Romana, da fé cristã, ou mesmo da sua terra, ou com a permissão dos seus ministros». Entre as Admoestações aos monges, São Francisco escreve: «Todos aqueles que viram o Senhor Jesus Cristo na sua humanidade, mas não acreditaram (...) que Ele era o verdadeiro Filho de Deus, estão condenados. Da mesma forma, todos aqueles que hoje, mesmo vendo o Sacramento do Corpo de Cristo consagrado sobre o altar (...) não vêem nem acreditam que é realmente o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, estão condenados». Difícil encontrar respostas mais convincentes.
Assim, sabemos que São Francisco era um homem pacífico mas não um pacifista, não fazia política nem era um teólogo porque, como ele disse, já está tudo escrito no Evangelho. Ele representa um grande exemplo de filho fiel à Igreja Católica, obediente ao Papa, e dado que experimentou o diabo directamente sobre a sua própria pele, prefigura também o inferno para aqueles que rejeitam a palavra de Jesus Cristo.

 

 

Artigo de Opinião de : Agostinho Nobile

Fonte: Jornal da madeira