Apesar do atual preconceito protestante no que diz respeito aos tradicionais artigos de fé católicos, como a Comunhão dos Santos, confissão auricular, Purgatório, Papado, sacerdócio, matrimônio sacramental etc, pode surpreender a muitos descobrir que Martinho Lutero era um profundo conservador em algumas de suas posições doutrinais, como na regeneração batismal, na eucaristia e, particularmente, em relação à Bem-Aventurada Virgem Maria. Lutero era completamente devotado a Nossa Senhora, e crente em todas as doutrinas tradicionais marianas. É certo que esta constatação não é muito freqüente nas biografias protestantes sobre o reformador, contudo, é um fato irrefutavelmente verdadeiro. Parece ser uma tendência natural que os discípulos atuais do Protestantismo procurem se projetar no perfil do fundador do movimento que seguem. Saber que o Luteranismo de hoje não tem uma Mariologia muito consistente, leva-nos a supor que também Lutero tivesse – ele mesmo – opiniões similares com relação a este ponto.
Todavia, nós veremos, por meio de fontes escritas pelo próprio Lutero, que os fatos históricos são bem diferentes. Para tal, nós consideraremos citações do ex-monge nos vários aspectos da doutrina Mariana.
Lutero considerava Maria como Mãe dos cristãos:
“Esta é a consolação e a transbordante bondade de Deus, que Maria seja sua verdadeira mãe, Cristo seu irmão, Deus seu Pai… Se acreditares assim, então estás de verdade no seio da Virgem Maria e és seu querido filho”.
Lutero, Kirchenpostille, ed. Weimar, 10.1, p. 546.
Lutero considerava Maria como Mãe de Deus:
“Por isso em uma palavra compendia-se toda a sua honra: quando se a chama mãe de Deus, ninguém pode dizer dela maior louvor. E é preciso meditar em nosso coração o que significa ser mãe de Deus”.
Lutero, Comentário ao Magnificat, de 1521, [FiM95], pg.1121.Sermão, 1522:WA 7,572
Provavelmente, a opinião mariana mais antagonista de Lutero, seja a aceitação da Imaculada Conceição de Maria que, na época, ainda não era artigo de fé, que só aconteceu em 1854 na Igreja Católica.
Lutero dizia sobre a Imaculada Conceição de Maria:
“É uma doce e piedosa crença esta que diz que a alma de Maria não possuía pecado original; esta de que, quando ela recebeu sua alma, ela também foi purificada do pecado original e adornada com os dons de Deus, recebendo de Deus uma alma pura. Assim, desde o primeiro momento de sua vida, ela estava livre de todo pecado”
Fonte: Lutero, Sermão sobre o Dia da Conceição da Mãe de Deus de 1527
Lutero ensinava a intercessão de Maria e dos santos:
“Ninguém nunca se esqueça de invocar a Virgem e os santos, pois eles podem interceder por nós”. Lutero, Prep. ad mortem
A IGREJA PROTESTANTE AINDA CONTINUOU DEVOTA DE NOSSA SENHORA POR TRINTA ANOS DEPOIS DA MORTE DE LUTERO.
Lutero venera a Virgem Maria, enaltecendo-a:
“Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade”.
Lutero, Comentário ao Magnificat